terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Do começo ao fim!!!

Depois de inúmeras críticas ora positivas, ora negativas, finalmente fui assistir e não me arrependo.

Confesso que de início receie o fato de cairmos no clichê quanto à homoafetividade, definindo assim a relação entre pessoas do mesmo sexo já que tantos discursos se fazem a respeito da nomenclatura.

Paguei pra ver e foi bem pago.

Um filme que teria tudo para ser polêmico e abordar tantos e já massacrados temas, se vale apenas de um ponto marcante: o amor.

Sim, um amor incondicional entre duas pessoas, não levando em consideração o sexo delas, ou a relação que possuem, ou o vinculo afetivo que as manteve juntas, apenas o amor.

O que vi foi à relação vivida intensamente por dois belos jovens de forma sutil e romântica, mostrando que não importa o que fomos educados para pensar, sentimento não é feito de lucidez, mas sim abstração. Muito mais do que corpos e sexo, o que é mostrado são pessoas que se amam e acreditam numa ligação que se desnuda de qualquer entendimento.

O filme não ostenta discursos políticos a respeito de sexualidade, nem fere a moral e os bons costumes de uma sociedade obsoleta. Apenas fala de amor.

Porém, durante toda minha estada na frente daquela enorme tela ouvi, sem conseguir desviar meus olhos das imagens, muitas criticas machistas, e não digo por parte só de homens, a respeito das cenas de beijo e de nu.

Ora, pergunto-me, quantos e quantos filmes já mostraram cenas muito mais sexualizadas do que as apresentadas ali? O que as diferencia e choca é somente o fato de serem dois homens?

Não tolero hipocrisia, muito menos pessoas com mente pequena. O que choca no filme não são as cenas consideradas "fortes" por muitos, mas a intensidade de algo tão puro capaz de neutralizar qualquer conceito pré-estabelecido a respeito do amor.

Não vi cenas que pudessem ser censuradas, não vi diálogos que precisassem ser cortados, não vi motivo para tanta excitação.

Vi sim uma bela estória de um romance que teria tudo para dar errado, mas deu certo.

Ora, se você vai assistir a um filme, entende-se que previamente procurou saber do que se trata a sua história. Se sabe do que se trata e não tem maturidade para assistir com uma visão crítica do ponto de analisar o enredo para perceber o que se quer discutir, não assista.

Para aqueles que aceitam opinião, assistam. É um ótimo filme

Alexandre Rodrigues

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Música e proximidade com o divino


Pediram-me para escrever sobre a relação de música e religião. De fato não tenho muita bagagem para discorrer sobre o assunto, porém não poderia recusar o convite em se tratando de uma pessoa tão querida e de algo que me proporciona tanto prazer: escrever.

Confesso que não havia feito nenhuma reflexão até o momento em que Fabrício me pediu para escrever sobre o tema, contudo deparo-me com um turbilhão de especulações a respeito.

Poderia falar do candomblé, afinal é uma das religiões mais antigas e que tem como fundamento do ato de cultuar divindades a música e a dança. Mas falta-me conhecimento de causa, vivência. Por isso atenho-me a experimentações que tive com realidades mais próximas a minha.

Começo apresentando a minha visão de religião. Estudei em colégio católico durante toda a infância, fui batizado e fiz primeira eucaristia, porém não sou adepto do catolicismo por motivos práticos e pessoais que não têm necessidade de serem discorridos aqui. Tenho alguma formação e afinidade com a doutrina espírita e um apreço e certo gosto pela cultura africana como um todo.

Durante toda a infância freqüentei missas e sermões católicos, alguns voluntariamente, entretanto, na maioria das vezes por falta de opção. De uma forma bem pessoal não conseguia acompanhar toda a rotina daquele culto a fé, era exaustivo demais. Leituras, pregações, sermões, conselhos, lições e tantos outros falatórios e frases pré-decoradas que lembravam uma sabatina de uma prova oral. Lembro-me de muitas crianças, como eu, que eram mandadas brincar nos arredores da igreja, onde aconteciam as missas, já que as mães não conseguiam conter tanta inquietude.

Minha primeira comunhão foi repleta de músicas, canções que dinamizavam a cerimônia, talvez para aplacar a euforia infantil daqueles que deveriam permanecer ali durante mais de uma hora esperando o momento de receber pela primeira vez o “corpo de Cristo”. Sim, hoje penso que foi uma forma lúdica de levar a cerimônia sem que caísse no descaso, como toda brincadeira termina por cair. Funcionou. Entre aulas de música e seleções para solistas os ensaios e a cerimônia correram divinamente. (rs)

Depois disso, outras poucas missas tiveram a presença dos iniciados na comunhão com o divino.

Com a adolescência e toda a sua euforia em conquistar o mundo, só voltei a um ambiente religioso na época do cursinho por convite de uma amiga. Era uma celebração batista, nunca havia estado em uma. Impressionei-me com a quantidade notavelmente superior de cantigas entoadas durante a cerimônia. Elas misturavam-se as pregações e muitas eram de uma musicalidade admirável, nada que se comparassem as apáticas conhecidas por mim. Não imaginaria algo assim.

Percebi com o tempo que religiões com uma doutrina semelhante em conteúdo, mas diferente em postura, se comparadas à católica, possuíam um arsenal maior de musicalidade do que eu estava habituado. E não se tratavam de trechos cantados de uma cerimônia, mas, sim, de canções como quaisquer outras. Canções com letras, melodias, ritmos que vão do lírico ao hip-hop.

Alguém já parou para se perguntar o quanto a música aproxima pessoas de diferentes classes sociais, níveis de escolaridade, padrão financeiro, entre muitos outros fatores?

Não importa quem está ao lado de quem, de onde vem, o que possui, ou qualquer outro tipo de generalidade que as diferenciem, cantando todos se igualam como num coro que formasse uma só voz, com um mesmo propósito: louvar o seu Deus tendo ele o nome que for.

Essa foi a jogada. Acabar com a monotonia e unir aqueles que buscam conforto para seus problemas procurando apoio na fé. Religiões americanas já trabalhavam música como forma de oração. Essa moda chegou ao Brasil, primeiro nas instituições consideradas pelo Vaticano menos ortodoxas e, agora, pela católica.

Missas cantadas, padres cantores, DVDs que renovam a fé através de canções de louvor, e pensar que há algum tempo tudo não passam de “améns”. A música envolve, liberta, acalma e já é usada, inclusive, como terapia, por que não utilizá-la como artifício para renovar a fé?

A música toma o lugar de oração, entoando letras glorificantes os fies se deixam envolver pelo sentimento de elevação de suas adorações, pedidos, súplicas, se aproximam de Deus, seja ele Jesus, Jeová, Oxalá ou qualquer outro nome que receba. A música como forma de oração conecta o ser humano a sua concepção de força maior, responsável pela gestão do universo e tudo que há nele. Envolve numa espécie de transe quem canta, elevando seus pensamentos a única divindade capaz de amenizar suas angústias.

Se existe de verdade um Deus? Isso não serei eu a responder, afinal acredito que exista, sim, uma energia maior que o pensamento, capaz de mover as famosas “montanhas”. A essa energia chamam fé. Fé em que? Isso cabe a cada um decidir, ou escolher, ou encontrar, não sei. Mas a certeza é de que a música como mecanismo para aproximar o humano ao divino tem contribuído para a renovação das instituições religiosas, para a volta de seus seguidores e como refúgio para o sofrimento de um mundo tão massacrado como este no qual vivemos.

Para terminar, gostaria de previamente desculpar-me com aqueles que, de alguma forma, possam ter sentindo-se ofendidos com algum trecho do texto que acaba de ler. Entretanto, lembro que todo o conteúdo do mesmo, por se tratar de um tema repleto de interpretações pessoais, não é para ser tomado como verdade absoluta. Apenas é a explanação de pensamentos MEUS a respeito de uma proposta lançada sobre a ligação entre música e religião.

Alexandre Rodrigues

domingo, 21 de junho de 2009

Dançando no MaPA

Das piruetas aos cliques, dos palcos para a Rede, a dança contemporânea deixa as salas espelhadas para invadir o ciberespaço.

A dança contemporânea tem seu inicio marcado na década de sessenta nos EUA com a criação da Dança Moderna, na medida em que pretendia romper com os padrões rígidos da dança clássica. Entretanto, ela diferencia-se da moderna por não obedecer a técnicas e por não ter um modelo/conceito de corpo ideal. A dança contemporânea passa a ver o bailarino não como uma máquina de reprodução de movimentos, mas da a ele a autonomia de interagir com a coreografia, torna-o investigador de sua proposta. Assim, a dança deixa de ser algo apenas reproduzido, passa a ter papel social, questionador, incitador de pensamentos.

A Professora Doutora Ivani Santana, conceituada por pesquisas que relacionam dança contemporânea e tecnologia, vendo a necessidade de uma maior apropriação do espaço virtual para o desenvolvimento da pesquisa em dança criou o Mapa e Programa de Artes em Dança Digital (MaPA D2). O projeto tem como objetivo cadastrar e interligar pesquisadores e artistas do ramo em uma rede de compartilhamento de trabalhos acadêmicos.

Ivani assina projetos como: Poética Tecnológica na Dança: Processamento da Imagem em Tempo Real (início em 2004); Grupo de Dança Contemporânea (2004/2005); Corpo Mídia Lab (2005); A.L.I.C.E. Apropriação de Linguagem Interativa no Espaço (2006/2007).

Segundo Vládia Queiroz, responsável pela Gerência de desenvolvimento, “o projeto permitirá que pesquisadores tenham acesso a conteúdos referentes ao seu trabalho, que por sua vez, podem ser foco de outro em alguma parte do globo”.

Entretanto, o MaPA restringe-se a interessados em trabalhos acadêmicos da área de dança que façam uso de tecnologia. Sendo assim, o MaPA segue o conceito de ser uma plataforma virtual para a difusão e apoio educacional, tecnológico e mercadológico do campo da dança e da performance com mediação tecnológica. Todo esse mecanismo esta a disposição para 30 países de língua portuguesa e espanhola.

O projeto também tem como critério a especificação entre pesquisadores acadêmicos, àqueles que realizam trabalhos/pesquisas no âmbito das universidades ou instituições de formação superior, e artistas interessados em investigações no campo da dança/performance com utilização de mídias tecnológicas.

O lançamento do MaPA D2 ocorreu no dia 29 de abril do ano corrente no Pavilhão de aulas da federação (PAF I) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Para Vládia, “o lançamento do MAPAD2 foi muito significativo para todos que trabalham com dança mediada por tecnologia. Fizemos uma videoconferência com o grupo Konic, da Espanha que foi descentralizada em vários pontos remotos pelo Brasil e também um ponto em Portugal. A próxima videoconferência será em junho e será com Portugal, com o Prof. Doutor Daniel Tércio e um grupo de pesquisadores de lá, no mesmo formato anterior, e dessa vez incluindo mais pontos em videoconferência”.

Alexandre Rodrigues

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Carta a um amigo.

A menos de uma semana fui surpreendido por um convite de um amigo – talvez ele ainda nem saiba que o considero como tal – para escrever um texto em seu blog. Confesso que, junto com a excitação, náuseas me atacaram em socos o estômago. Escrever? Sobre o quê? Para ele não interessava. Tive liberdade para escolher o tema e a forma com que iria discorrer sobre ele, o que só aumentou a minha aflição. Por fim, deixei que a proposta caísse no esquecimento momentâneo até que se fizesse madura por si e viesse à tona.

Em uma das minhas caminhadas para “espairecer” – seria mais correto chamar de uma tentativa desesperada de pôr os pensamentos em ordem – deparei-me com questionamentos que, no correr de duas semanas permeavam todo o meu mundo: amizade.

Alguém, que não me recordo agora – penso em Cazuza, mas não consigo ater-me se foi uma citação usada por ele ou dele – usou uma expressão que em suma afirma que amigos não se conquistam, reconhecem-se. E debaixo da chuva que me fazia meio doente (rs), fui jogado contra uma parede de verdades, minhas, mas verdades, que me fazem escrever agora.

O que caracteriza um amigo? O que o diferencia de um não amigo? Um não amigo é um inimigo? Amigo é pra sempre? E o sempre? É pra sempre?

Não, não existem verdades para tantas perguntas. Podem, sim, existir pensamentos e conclusões íntimas para quem as questiona. Talvez essas verdades sejam suficientes, talvez todos estejam conformados com elas para não ter que buscar outras que possam não ser tão suaves, ou ainda seja preguiça, afinal para que questionar uma dita verdade que se faz senso comum?

Mas, verdades a parte, voltemos ao tema sobre o qual resolvi escrever.

Deparei-me com uma situação a qual jamais poderia imaginar, ou poderia, de qualquer forma não imaginei. Um amigo, ao menos o considerava assim, que se dizia conhecer a pessoa que agora escreve, com seus inúmeros defeitos e alguma qualidade, descarregou um caminhão de ofensas e balbucios sem nenhuma preocupação e/ou sutileza. Embriagado pela raiva, companheira fiel do orgulho e sempre a espera de momentos de descontrole, não mediu esforços para machucar quem tanto dizia gostar. Enfim me perguntei: seria esse o comportamento de um amigo?

Não pretendo expor o caso a estudo, muito menos justificar ou livrar-me de culpa, não é um julgamento e a ninguém cabe o posto de juiz, réu e/ou júri. Apenas a idéia do fato explica a escolha do assunto.

Feita a pergunta por incontáveis vezes, deparei-me com outra vilã: a expectativa. Talvez a minha maior decepção não tenha sido a sua reação, mas a expectativa não correspondida da imagem criada por mim, dele. Parece um pouco complicado e até um pouco confuso, pra não dizer neurótico, mas não chega a tanto. O que foi ferido não foi tão gravemente o eu que havia sido destratado, mas o íntimo que esperava uma reação diferente, igual a minha numa possibilidade inversa, contudo uma diferente da que ocorreu.

Esse fato martelou a minha inquieta e questionadora consciência a respeito de quantas expectativas eu tinha, ou se tinha, criado a respeito de tantos outros como ele. E sim, havia muitas e absurdas.

Fiquei a pensar o quanto seria traumatizante se todos eles resolvessem agir diferente do que eu esperava, nossa, deveria suicidar-me (rs).

Porém, o que mais me enlouquecia nesse emaranhado de pensamentos – o qual deve estar enlouquecendo você que lê – era como essas pessoas ocuparam o posto de amigos e o que fizeram para isso.

Nada.

Absolutamente nada.

Posso conseguir explicações para cada uma delas. Estórias lindas, divertidas, pornográficas, cômicas, mas nenhuma delas justificaria a amizade. Qual a necessidade de justificar algo que não precisa ser justificado? Mantemos alguém por perto quando esse mesmo alguém nos faz bem. Apesar de algum outro pensador ter dito para mantermos os inimigos mais perto o quanto pudesse, são os amigos que colocamos ali no posto de guarda da nossa vida.

Podemos dividi-los em grupos, categorias, tipos, chamem como quiser. Há aqueles amigos de farra, sempre conosco em todas as bagunças, bebedeiras, esquemas. Há os conselheiros, não nos vemos sempre, mas, com certeza, sempre têm algo muito profundo a ser dito num momento difícil. Há os do trabalho, horário de expediente, talvez até um happy hour, mas não muito além disso. Sim, claro, os amigos dos estudos, colégio/faculdade, sempre na mesma “panelinha”, livrando um que não contribuiu para a tarefa em grupo, mas não merece ficar com zero. Não podemos esquecer os amigos de infância, com quem dividimos um mundo de fantasia, de descobertas e, agora, de lembranças saudosas. E, por fim, o famoso “amigo do peito”, também chamado de “amigo irmão”, aquele que dizemos que será amizade eterna, que estava conosco em nossos maiores porres, em nossas revoltas com a vida, quando conseguimos algo que tanto desejamos, que será nosso (a) padrinho/madrinha de casamento e/ou de nossos filhos, alguém que sempre podemos contar.

Todos eles têm seu espaço, nós os oferecemos e sem cobrar por isso. Apesar de poder defini-los ou classificá-los, nunca os diferenciamos, serão sempre parte de nós, pois amizade é troca, não importa o tempo que dure. Propusemos-nos a isso, receber do outro e dar de nós, sem maiores intenções. Decepcionamos-nos simplesmente por exigir a única coisa que não poderíamos ter: perfeição.

Amigos, apesar de serem nossos super-heróis por diversas vezes, são humanos, homens, errôneos e têm esse direito. Descobrir isso pode ser chocante, mas, também, se faz libertador. A amizade pode não durar para toda a eternidade, contudo estará registrada em nossas atitudes, pensamentos, personalidades e visão de quem somos e, principalmente, do amigo que somos.

A você meu amigo, meu muito obrigado.

Alexandre Rodrigues

terça-feira, 19 de maio de 2009

Coisas de mulher

Toda a minha curta existência foi marcada por “não pode” isso, aquilo, aquilo outro. Muitas desculpas eram usadas para justificar tal imposição, mas a principal delas era: isso é coisa de mulher.

Vivemos numa sociedade machista, isso é fato. Ela pode estar evoluindo, mas nada significativo ainda. Tenho para mim que o próprio machismo parte do sexo oposto, mas isso são filosofias de uma mente enlouquecida (rs).

Pois bem, como observador que sou, às vezes até inconveniente, tenho me questionado o quanto essa associação de feminino e masculino fica apenas no âmbito do discurso. Parece loucura não é? Talvez seja, mas uma loucura perturbadora.

Vamos aos fatos. Dizem que mulher é fofoqueira, adora falar da vida dos outros, saber o que se passa no dia-a-dia das estrelas de novela e são capazes de conversar durante horas, beirando a exaustão, mas sem nem perceberem. Enfim, típico do universo feminino. Será?

Paremos para analisar. O que acontece numa roda de amigos numa situação típica: a mesa de um bar? Confesso que até então nunca havia parado para reparar. Porém, não é uma realidade muito diferente de algumas amigas num salão de beleza.

Conversa de mulheres:

“Menina! Você viu aquele ator global que se separou daquela atriz super famosa? Um escândalo. Logo eles que formavam um casal tão bonito.”

Conversa de homens:

“Rapaz! Você viu o pé na bunda que aquele jogador levou da namorada dele? Aquele avião, não sei o que ela viu nele, alias sei sim, a conta bancária.”

Sejamos sinceros, há diferença que não seja o linguajar? Mas homens não falam da vida dos outros, apenas comentam assuntos relacionados ao universo masculinos. Piada. Homens falam sim, da namorada do amigo, com quem estão preocupados, da gostosona que esta saindo com um “Zé ruela”, especulando que o motivo seria seu rendimento mensal, quem é o melhor jogador pro seu time e quais as mudanças que deveriam ser feitas para o melhor aproveitamento no campeonato, carros, cachaças e tantas outras futilidades.

Mas não, são todos assuntos sérios. Homem não é fútil, isso é coisa de mulher. Rs.

Não, não estou aqui levantando nenhuma bandeira feminista, apenas constatado fatos que me levam até uma verdade – tenho usado muito essa palavra – que se faz cega aos olhos acostumados com o sistema brutalmente machista.

Homens também são fúteis.

Continuemos.

Salão de beleza, spas, clínicas de estética, tudo isso é coisa de mulher. Será? Não mesmo. Posso narrar inúmeras experiências de homens que entre seus muitos compromissos diários têm hora marcada com a manicure, ou uma sessão de depilação, um pilling facial. Os menos “afeminados” – termo repugnante mais que condiz com a situação – depilam-se por conta própria, arrancam os pêlos do peito, pernas, e de onde mais tiver incomodando. Cabelos sempre arrumados, com cortes diferentes, pomadas, gel, luzes, relaxamento. Roupas cheias de estilo – muito diferentes da idéia de que em homem basta uma calça jeans e camiseta – brilho, designers diferentes, muita roupa justa, muitas opções de loja e, conseqüentemente, horas em shopping. Mas não, perder tempo em shopping é coisa de mulher. (rs)

Em tempos passados, esse tipo de postura masculina era tido como tendências homossexuais, afinal um homem que quer faz o que uma mulher faz só pode querer se tornar uma – pensamento pequeno esse. Hoje? Não! Longe disso! São metrossexuais, vaidosos, preocupados com a aparência, preocupados em agradar o público feminino.

Não entendo. Então porquê de tanta necessidade em classificar atitudes/gestos em gêneros?

Rótulos são antiquados, estamos na era da liberdade. Podemos, e devemos, escolher o que usamos, o que fazemos, com quem fazemos, com quem nos relacionamos sem a preocupação de sermos julgados por isso.

Não existe mais coisa de mulher. Homens também cozinham, lavam, passam, costuram e tudo isso sem perder a masculinidade que tanto os preocupa demonstrar. Homens também cuidam dos filhos, trocam fraldas, perdem noites sem que substituam o papel da mãe. Homens assistem comédias românticas, dramas, choram com cenas emocionantes, não apenas gostam de ver pancada e sangue. Homens são homens para assumirem o que querem sem temer a interpretação ignorante de quem quer que seja.

Se as mulheres puderam ser homens, saindo de casa para sustentar a família, lutar por espaço no mercado de trabalho, pela igualdade de direitos e mais uma infinidade de outros acontecimentos sem deixar sua feminilidade para trás, porque homens deixariam de ser homens por preocupar-se com aparência ou falar da vida alheia?

Conversar faz bem, cuidar de si tanto quanto. Então sejamos homens para assumirmos nossos atos ainda que eles sejam classificados como coisas de mulher e, ainda mais, para provar que todos que compartilham desse pensamento estão errados.

Alexandre Rodrigues

domingo, 22 de março de 2009

Domingo...

Domingo é um dia preguiçoso. Tudo funciona em modo stand by, até o sol se levanta preguiçoso com um amarelo gelado e um calor quase frio. Nas ruas, praticamente desertas, apenas aqueles que ou procuram diversão matinal, como os famosos babas ou as praias, vão aparecendo em câmera lenta, ou aqueles de quem o trabalho não se desgarra nem num domingo de preguiça.
Talvez seja cultural o fato de o domingo ser para descanço, porém, mais do que descanço é o dia em que, conscientemente ou não, todos querem ser donos de si mesmos. Acordar quando quiser, almoçar se/a que horas quiser, passar o dia todo de pijamas, ou talvez nem levantar da cama. Há, ainda, a possibilidade de curtir a família, um encontro com amigos, situações que durante a semana corrida o tempo, ou a falta dele, não nos dê tempo para aproveitar.
Domingo, também, é dia de introspecção, dia de carência, dia de dengo. O que pode haver melhor que estar com alguém que se gosta, fazendo o que quer que seja, durante todo um dia? Calma, a definição de "alguém que se gosta" é mais abrangente do que somente um parceiro(a), mas uma pessoa com a qual gostaríamos de compartilhar de bons momentos, como um amigo, mãe, filhos, um amor. Nesse dia não precisamos de posturas determinadas, nem seguir algum tipo de conduta. Nos livramos de máscaras e da imagem de um Super Herói dos negócios, da casa, da família e nos é permitido ser "normais", apenas humanos.
Mas não pensem que o domingo é perfeito. Longe Disso. É nos domingos que está registrado o maior índice de suicídios (rs). Brincadeiras a parte, o domingo pode não ser tão bom assim para os solitários. Quando tudo é feito para compartilhar de momentos íntimos, estar só pode ser algo complicado. Para esses, a semana agitada é uma fuga para a solidão que espera paciente pelo momento certo de se fazer notar. Entretanto, nada dura para sempre e ela sabe que mais cedo ou mais tarde será substituída por momentos intensos de felicidade, afinal até os super heróis tem a esperança e a obsseção pelo "felizes para sempre".
Por fim, como tudo que é bom, o domingo também acaba, mas não será o último. A vida segue um movimento cíclico levando tudo que há nela a participar dessa dança. Então, para os pessismistas, sim, amanhã é a tão temida segunda-feira, mais um início de mais uma semana que culminará em mais um preguiçoso domingo.
Alexandre Rodrigues