domingo, 17 de fevereiro de 2008

Dança Comigo?


Tango, bolero, salsa, forro, lambada, zouk, a dança de Salão virou moda. Considerada por muito tempo “coisa de velho”, a técnica alcança o público jovem multiplicando a procura por escolas especializadas.
Depois de muito tempo considerada algo feito apenas pelo público mais maduro, que sempre participou da manifestação, a técnica se renova ganhando jovialidade nos salões de baile, tornando assim, inevitável a percepção da influência da mídia. Um dos quadros de um programa de televisão tem conseguido alcançar um elevado índice de audiência e contribuído para essa mudança, a Dança dos Famosos, exibido no programa do Faustão, nas tarde de domingo, repercutiu de forma positiva, aproximando o jovem da arte da dança de salão e extraindo deles o conceito pré-estabelecido de que só seus avós o faziam.
Marcelo Galvão, 24 anos, estudante do curso de Dança da Universidade Federal da Bahia, começou a dançar aos 15 e hoje dar aulas no seu próprio espaço de dança. “O pensamento de que dançar é coisa de velho já estava sendo, paliativamente, descontruído. Tenho alunos que, assim como eu, começaram bem jovens e tem atraído atenção de amigos, parentes, despertando curiosidade. Mas não se pode negar que a repercussão da Dança dos Famosos é de grande apoio à dança de salão, que por muito tempo ficou resumida a aulas em escolas e bailinhos” – referindo-se a locais de pequenas reuniões de pessoas com o intuito de dançar.
Além da técnica, todo um sistema de regras tem que ser obedecido pelos dançarinos, sempre com noções de respeito entre o casal e, também, com os demais na pista. Segundo Sônia Bamberg, professora de dança de salão e criadora da Bamberg Cia de Dança, grupo que realiza apresentações em eventos e bailes da cidade do Salvador e tem como dançarinos jovens de 10 a 24 anos, “um cavalheiro que aprende a conduzir uma dama de forma sutil respeitando seus limites e conquistando sua confiança, jamais tratará outra mulher de forma diferente, por sua vez, uma mulher que permite ser conduzida por um cavalheiro precisa confiar em si própria, então através da dança estamos despertando nesses jovens autoconfiança e respeito ao outro”.
Contudo, vale salientar que o material apresentado no programa também preocupa os professores, no sentido de que as coreografias ensaiadas em um período curto de tempo exibem movimentos acrobáticos que são desenvolvidos com certa experiência e próprios para serem apresentados no palco, já que não caberiam no salão. “Há aqueles que chegam à academia e dizem que querem fazer o que viram na TV e quando se explica que aquilo ele pode ser feito sim, mas não em uma semana como no programa, então eles questionam, reclamam, pois se o artista conseguiu então eles também conseguiriam. Bem, aquelas pessoas não aprendem a dançar, aprendem, sim, uma coreografia montada para ser apresentada em um programa de TV, além de ter um profissional à disposição delas durante toda a semana”, explica Marcelo.
Contudo, as mudanças são gradativas e o número de rapazes adeptos, apesar do aumento considerável, ainda é um problema para os professores, por isso escolas de dança de salão fornecem bolsas para jovens que se interessem pela técnica. Porém, independente dos empecilhos e dos motivos que estão levando as mudanças conceituais dos jovens em relação à dança, é relevante o apreço do envolvimento dos mesmos, direcionando a energia da juventude para algo saudável e desprovido de toda violência que assola, ainda, a vida de uma grande parcela desses jovens.


Alexandre Rodrigues