segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Não à intolerência

Em plena segunda-feira, às 7 da manhã, no caminho para o trabalho me deparo com um ser de jaleco branco, bíblia em punho aos berros em frente ao shopping Iguatemi.

O que ele fazia? 

Bem, pregava o evangelho segundo a sua crença, condenando aqueles que não aceitassem o seu Deus ao inferno.

Questiono-me sobre vários pontos, mas não cabe a mim discuti-los, afinal, disse algum sábio uma vez, religião, sexo e futebol não se discutem.

Contudo, concedo-me o direito de expor o meu ver sobre a minha religião tão condenada e massacrada por uma alienação religiosa que só gera intolerância.
Sabem por que o candomblé sobrevive até os tempos de hoje? Sabe como sobreviveu em outros tempos a perseguições ainda mais cruéis do que as contemporâneas?
Porque o candomblé não deseja provar a sua superioridade, não sai por ai catequizando ou lutando por adeptos, não bate a porta alheia para afirmar que o seu Deus é que deve ser cultuado.

Não!

O candomblé é um chamado. É ele quem escolhe seus filhos, como um vínculo de mãe. Não será visto em qualquer culto, encontro e/ou manifestação do "asé" a pregação ou discriminação de qualquer outra forma de adoração a divindades que não as suas, pois o candomblé, em sua infinita sabedoria de preto velho, entende que é preciso liberdade. A mesma liberdade tão sofrida, porém conquistada pelos negros trazidos escravizados para o Brasil.

O candomblé respeita o livre arbítrio do ser, também, na escolha da sua crença e na sua forma de adorar a energia superior que rege a vida.

E volto à imagem do homem de jaleco branco, não o culpo, ou condeno, ele prega o que acredita. O que abomino é a discriminação, a alienação a qual são expostas mentes fracas e desesperadas por ajuda, por algo que supra a necessidade de amparo a todas as provações terrenas.

A intolerância é fruto da ignorância, não no sentido de burrice, mas em julgar e condenar aquilo que não se conhece. O preconceito nasce do comodismo humano em condenar sem saber a fundo o que está sendo passível de culpa. É preciso humildade para reconhecer que não existem verdades absolutas. É preciso maturidade para entender que a minha verdade não faz a do outro mentira. É preciso sabedoria para aceitar que cada verdade se faz verdade pela capacidade de acreditar nela.

Sou do candomblé... Sim!

Sou filho de santo... Sim!

Tenho orgulho disso... Sim!

E sou coberto de asé por aqueles que me guiam, me cuidam e me protegem.

Digamos não a qualquer tipo de intolerância e preconceito.

"Eu não quero me tolerem, eu quero que me respeitem... Que respeitem o meu direito de ter a minha fé." Makota Valdina

Alexandre Rodrigues