segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Nordestino sim senhor.



Hoje, 08 de outubro, é comemorado o dia do Nordestino. Há quem diga que não existem motivos para comemorar, mas ninguém é obrigado a concordar.

Eu não concordo!

Tenho orgulho de ser Nordestino, de ser desta terra de contraste, castigada pelo sol, mas na qual nem as rugas do trabalho na terra seca são capazes de apagar o sorriso que faz os olhos brilharem. Sou banhado pelo mar e pelo Velho Chico, que me inundam de esperança de que um dia tudo há de melhorar.

Sou da terra do início e de onde todo princípio é vital. Foi aqui o começo da civilização brasileira, é daqui que a mão de obra pesada exportada para que tudo possa começar, é deste solo que as matérias primas são colhidas, afinal como reza o ditado “se plantando tudo dá”.

Sou da terra do povo humilde, mas com boa vontade e coração enorme. Pode não haver muito na mesa, mas nunca lhe falta com o que ajudar. Minhas raízes são fortes como o meu sotaque, e em qualquer lugar do mundo serei reconhecido, sem me envergonhar.

Minha essência é a alegria do carnaval, felicidade explosiva e incomensurável, de um povo que trabalha enquanto os turistas brincam, mas sem perder a alegria e a descontração tão características. 

Sou dos versos do baião de Gonzaga, das poesias de Jorge, do romantismo preguiçoso de Caymmi, da ousadia de Gil e Caetano. Nas minhas veias corre o sangue “arretado” de Lampião, as cores do Bumba meu Boi e a graça de um povo de cabeça chata.

E vale rimar.

Na minha terra é verão o ano inteiro, de janeiro a janeiro e o povo daqui também é brasileiro. Meu povo não tem cor, raça, credo, seu principio é o respeito e em seu coração cabe o mundo inteiro. Sou nordestino não por região, mas por paixão e de coração.

Alexandre Rodrigues

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Gente Comum - A senhora da transbordo


Sempre fui muito observador, mas confesso que até para alguém como eu muitas coisas passam desapercebidas. Imagens únicas, exclusivas em meio a multidão que passa por nós diariamente. Já parou para analisar quantas pessoas durante um dia passam por você sem que se lembre do rosto de um décimo delas ao fim de vinte e quatro horas? Hoje me deparei com um que não esquecerei.

Sentada num dos bancos da estação de transbordo do Iguatemi, com a tranquilidade de quem não espera muito mais da vida. O seu ritmo não acompanhava o vai e vem frenético de pessoas que corriam pra todos os lados se amassando para subir em ônibus que fazem ponto ali. 

Aparência frágil, cabelos completamente brancos, pele bem clara. Sua idade não ouso arriscar, mas as marcas em sua pele enrugada pelo tempo mostram que a vida não foi fácil, ainda que seu semblante tranquilo demonstre estado de paz.

Não resisti. Fiquei observando-a até que um vendedor com jeito malandro, ar de aproveitador, se aproximou. Roupas mal cuidadas, cigarro aceso na boca debaixo de um bigode volumoso e desalinhado, sentou-se ao lado da senhora oferecendo-lhe algo.

Intriguei-me. O que aquele senhor poderia oferecer a aquela senhora?

Depois de alguns poucos instantes de conversa ele se afastou e voltou com uma imagem em forma de poster em papel rígido e cintilante de Nossa Senhora Aparecida. Nunca havia visto olhos reluzirem tanto encantamento. Ele deixou que ela segurasse a imagem por um período curto de tempo arrancando-a das mãos logo em seguida. 

Indignei-me. A senhora com dificuldade levantou, retirou algumas moedas do bolso, entregou ao aproveitador e recebeu algumas outras moedas em troca junto com a imagem.

Emocionei-me. Não importava mais o abuso sofrido, ela iluminou-se. Desde que a observara foi o primeiro sorriso, um sorriso que não se vê sempre, era felicidade da mais pura. A senhora apertou a imagem contra o peito como quem acolhe um recém nascido. Mostrou a imagem a um senhor que estava sentado ao seu lado e acompanhava a tudo. Creio que ele também percebeu a alegria que emanava da senhora e, também, sorriu.

Fiquei ali, inerte, observando aquela senhora que se reservava entre apreciar e acolher sua aquisição como um bem valiosíssimo. 

Para onde ela estava indo? Bom, não sei. Penso que depois da imagem, nem ela se importava mais. Entretanto, em um lugar sei que ela permanecerá por muito ainda, em minha lembrança.

Não sei seu nome. Na verdade não sei nada sobre ela, mas seu sorriso de felicidade me mostrou o que ia em sua alma e, assim, me disse tudo.

Alexandre Rodrigues

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Hipocrisia me irrita.


Não costumo me colocar em meio a todas essas polêmicas criadas pela mídia televisiva. Elas criam um tumúlto que, graças a internet, se difundem como uma epidemia.

Entretano, desta vez não consegui me abster.

Depois do depoimento da apresentadora Xuxa no último domingo, 20, para o Fantástico, uma série de posts a respeito da reputação da Rainha dos baixinhos se sucederam nas redes sociais.

O engraçado é que todos a condenam por ter pousado nua, por ter feito um filme - entendamos filme como trabalho artístico no qual se interpreta determinado personagem previamente escrito pelo autor - e contrastando com a atual imagem que, depois de tantos anos, se esforçou para criar e manter.

Desculpem, mas as perguntas são iminentes: 

Será que todos que, hoje, a julgam nunca fizeram nada do qual se arrependessem?

São todos puros ao ponto de nunca terem simplesmente tomado uma decisão equivocada, ou a qual fariam diferente caso pudessem voltar no tempo?

São todos tão acertivos assim?

Vamos cair na real!

São os acertos e erros que fazem o que somos hoje. São os saltos e tropeços que tomamos ao longo do caminho que nos dão maturidade para seguir em frente.

Então, por favor, não percam seu temo julgando alguém que se expõe, porque isso é fácil.

Se quer julgar alguém, julgue a si mesmo.

Avalie sua conduta durante toda sua trajetória até aqui.

Depois analise o resultado.

A você Xuxa... o meu parabéns pelo trabalho social que desempenha, ajudando crianças vítimas de abuso sexual.

Gostaria de ver mais pessoas dedicando seu tempo a apoiar trabalhos semelhantes, a ficar aqui tentando denegrir a imagem alhei.

Alexandre Rodrigues

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Salvador Silenciosa

Nunca imaginei Salvador assim.
As vesperas de uma das maiores manifestações populares do mundo, a cidade que deveria estar pulsando em ritmo de carnaval, encontra-se silenciosa.
O calor que deveria emanar do asfalto super aquecido pelo verão, trasnpira a sensação de insegurança, ansiedade, tensão, medo.
A mídia tenta informar sem aterrorizar, em vão.
Pois quem deveria estar assegurando a integridade física e moral dos soteropolitanos está deixando-os a mercê do acaso e do vandalismo.
Entendo e defendo que a greve é um direito adquirido, desde que, assim como tudo na vida, seja feita com responsabilidade.
Entendo, também, que promessas políticas tenham sido feitas sem que fossem efetivadas dando todo direito a insatisfação da categoria, mas venho lembrar o compromisso feito por todos aqueles que defendem a farda que vestem de manter a ordem e a paz.
Podemos e devemos exigir nosso direitos, afinal isso também é um direito de todos. Mas não podemos, jamais, esquecer os nossos deveres, pois uns garantem os outros numa troca ininterrupta.
Deixar a população em estado de tensão contínua não é digno, já que ao contrário dos políticos que só absorvem, somos nós, cidadãos, que pagamos os impostos e taxas que garantem o salário, ainda que insatisfatório, daqueles que hoje nos abandonam.
E somos nós, cidadãos, que hoje sofremos com a paralisação da Polícia Militar da Bahia!!!
 Alexandre Rodrigues