sexta-feira, 13 de maio de 2011

Neandertal pós moderno


Vizinho mata outro a tiros por causa de vaga de garagem. Adolescente mata colega de escola a tiros por dividia de R$20. Menino de treze anos esfaqueia amigo de dez por derrota em jogo de videogame. Mulher é espancada pelo marido e decide não prestar queixa. Professor é agredido por aluno em sala de aula. Mães jogam filhos recém-nascidos em lata de lixo. O que está acontecendo?

Estamos na era da intolerância, parece deixarmos que o nosso lado irracional nos domine, ignorando o bom senso e o uso da fala que tanto nos esforçamos para fazer-se entender. Não, não podemos comparar o homem aos animais, estes últimos em seu habitat atacam apenas para comer e/ou defender seu território, lei natural da sobrevivência. Não existe violência gratuita como as tão frequentemente vistas nos noticiários diários.

Psicólogos e estudiosos defendem vertentes para esclarecer o que acontece, criam nomes e teorias para explicar comportamentos agressivos e justificam tudo como sociopatias e síndromes fajutas que não passam de tentativas de amenizar a angústia generalizada que assolou a sociedade.

O bulliyng, por exemplo, sempre existiu e se tratava de algo normal até a década de noventa. Brincadeiras agressivas de crianças que precisavam de um pouco mais de atenção para suprir a ausência dos pais em suas vidas. Mas quando isso passa de exceção a regra? E quando a estrutura social muda? Será que tudo acompanha? Pelo visto precisamos rever esse conceito, ao invés de tentar justificar os atos cometidos e que não tem como serem evitados.

Deram-nos o direito de exigir nossos direitos, de gritar pelo que acreditamos, mas nossas vozes parecem mudas. Há, ainda, o medo de represálias, de sermos calados de maneira definitiva. Voltamos à lei da selva, na qual vence o mais forte e, na selva de pedra, os mais fortes não necessariamente tem o porte atlético e precisam sujar as mãos. Usam roupas finas, frequentam lugares requintados e se preocupam com o corpo apenas por estética. Dificilmente sabemos quem são, possuem tantos sob seu controle que formam verdadeiros bandos com sub-hierarquias sob seu comando e quando são pegos não a justiça sobre eles, pois eles são a justiça.

Voltamos à era dos homens das cavernas, num processo de involução, retrocedemos no tempo e viramos primatas pós-modernos resolvendo tudo na pancada sem apelar para o diálogo. Não queremos saber quem estar com a razão, queremos tê-la a qualquer custo. Deixamos de dar valor a vida quando passamos a dar valor demais à riqueza. Aproveitamos a modernidade e trocamos os tacapes (pedaços de madeira usados para caçar) por armas e jogos de interesses.

Exterminamos os dinossauros e estamos fazendo o mesmo com nossa fauna e, como já não temos mais a quem dominar, por que não fazer isso com o nosso igual? Afinal somos seres superiores, Neandertals do século XXI com direito sobre o mundo que habitamos e sem leis para controlar-nos.

Alexandre Rodrigues