quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Vendedores a beira de um ataque de nervos


Simpatia, boa comunicação, boa aparência e ótima lábia, essas são as qualidades que todos acham que fazem de um vendedor completo e eficaz. Mas, não é! Defendo até a morte que todos, absolutamente todos, deveriam passar pela experiência na área de vendas.

Ser vendedor é muito mais do que saber identificar a necessidade ou vontade do cliente, é preciso identificar como fazê-lo desejar o algo a mais, fazê-lo sentir-se bem em estar adquiriando determinado produto. Satisfação, não de suas necessidades, mas de seu prazer em comprar. Para quem acha que isso é injusto para com os clientes, provo que não.

Sabe aquela peça de roupa quase perfeita? Pois é, quase. Faltou a ela um centímetro a mais na cintura, um dedo mais alongada na manga, uma cor que não está na cartela da coleção, ou mesmo não pareceu bonita tanto quanto no manequim. Satisfeito? Não?

Então continuemos. Clientes normalmente devem imaginar que a loja se arruma sozinha, só isso explicaria a necessidade de desdobrar todos as peças de uma pilha de roupas milimetricamente arrumadas para sua admiração à procura do tamanho. Alguém já pensou em perguntar ou mesmo pedir ao vendedor o tamanho correto do produto desejado? Dá trabalho ter que arrumar por inúmeras vezes a mesma seção e manter o bom humor.

Entendo, também, que existem clientes de desejo, aqueles que não necessariamente precisam de algo, mas a vontade de elevar a auto estima presenteando-se a si mesmo. Mas, convenhamos, ainda que a intenção de compra não seja efetiva, é preciso experimentar a loja inteira, fazer o vendedor subir e descer escadas com pilhas de roupa para terminar o atendimento com um: "obrigado, mas nada ficou bom". Oras, ainda que fosse uma peça de ouro, conceituada por todos os estilistas como uma obra de arte e, ainda, estivesse a custo quase zero, não era a peça o problema, mas quem a usa. Ou isso, ou o simples prazer em ter alguém servindo-o. Prefiro acreditar na primeira hipótese.

Por fim, e não menos importante, todos sabemos que qualquer loja possui horário de funcionamento, correto? Creio que não, pois existem aqueles que insistem em chegar minutos antes do fechamento e prolongar-se por tempos, muitas vezes, infindáveis. Entendo que imprevistos acontecem e que, em casos específicos, ocorra a necessidade de um atendimento em horário extra funcionamento de loja. Mas, alguém já se deu conta que o funcionário ali presente e simpático trabalhou todo o seu período e não está ganhando hora extra? Pensou que ele pode perder a condução e ter que ficar mais uma hora no ponto de ônibus esperando a próxima?

Enfim, apesar do desabafo de muitas bocas terem tomado corpo em forma de texto, continuarão atendendo com qualidade cada cliente que vier com intenção de compra, afinal são como um patrão rabugento, precisamos tratá-lo bem, pois é ele que paga nosso salário ainda que estejamos a beira de um ataque de nervos.

Alexandre Rodrigues