sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Patrimônio Social jogado as traças.

Maior acervo baiano de periódicos encontra-se em estado de degradação avançado por falta de incentivo governamental em investimentos para sua restauração e manutenção.
Fundado por Tranquilino Leovigildo Torres em 13 de maio de 1894, o Instituto Histórico e Geográfico da Bahia abriga, hoje, o maior acervo de periódicos do Estado. Títulos como jornal A Tarde e Correio da Bahia dividem espaço com manuscritos de poesia de Antônio Castro Alves, cartas de Antônio Conselheiro, sugestão de Pedro Deway para a abolição gradativa da escravatura, autógrafos de Joana Angélica, partitura do Te Deum do Maestro Damião Barbosa, partituras de Alfredo Correia e muitos outros que compõem os inúmeros exemplares que se amontoam nas estantes e calabouços do casarão situado na Praça da Piedade.
Desde sua fundação a instituição tem como finalidade arquivar todo e qualquer documento histórico que estiver ao seu alcance, dando maior atenção aos que se referem, direta ou indiretamente, a Bahia. Entretanto, por falta de verba e de condições necessárias para o armazenamento devido de todo o material, inimigos naturais como às traças e o cupim deliciam-se com o banquete. Como se esses já não fossem suficientes ainda há um outro agravante a ser enfrentado: o tempo. A estimativa de durabilidade do papel fabricado para jornais é de aproximadamente 50 anos, tempo de vida menor do que muitos exemplares que se encontram no estabelecimento, aglomerados em estantes, sem organização, sem espaço suficiente para uma devida catalogação, sem uma ambientação climática necessária para prolongar sua vida útil, passando de hemeroteca a uma cúpula de mofo e ácaros.
Segundo a Presidente do Instituto, a Profª. Consuelo Pondé Sena, em 1996 um projeto para microfilmagem de todos os periódicos e armazenamento em CD-ROM foi aprovado pelo Faz Cultura – projeto de incentivo a cultura do Goverbo do Estado, sendo o do ano citado patrocinado pela PETROBRÁS – e posteriormente teve negada a liberação da verba conquistada, sendo alegada falta de visibilidade para a empresa. Além da PETROBRÁS, a presidente da Casa ainda desabafa que pedidos de ajuda financeira, incessantemente, feitos ao Governo do Estado passam despercebidos e sem significação.
Onze anos depois de aprovado o projeto, sem a verba liberada e sem iniciativa do governo do Estado que não manifesta nem conhecimento de causa, um verdadeiro tesouro social vai sendo apreciado apenas pelas pestes que deles se alimentam. Estantes estão desmoronando por acusa do cupim e da umidade proveniente de infiltrações; ar-condicionados que faziam a manutenção climática do ambiente já não funcionam a tempos; pilhas de livros/arquivos são encontradas nos porões do casarão por não haver espaço adequado e suficiente para organizá-los.
É, realmente, uma pena que o descaso dos órgãos governamentais seja responsável por terrível acontecimento. Contudo, se uma atitude não for tomada rapidamente, toda a História Social da Bahia será perdida gradativamente por entre pestes e esquecimento, até que dela reste apenas pó.
Alexandre Rodrigues

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